Sabores e embalagens
Os
refrigerantes são vendidos em embalagens de PET poli(tereftalato de etileno),
garrafas de vidro, latas, em volumes que variam de 237 mililitros a 3 litros, e
também em barris de aço ou alumínio. A embalagem de vidro apresenta vantagens, como o alto valor
mercadológico de visualização, devido à transparência e perfeita
impermeabilidade. Mas a fragilidade das garrafas, seu peso e o preço elevado
são fatores que levaram à maior utilização de latas e garrafas PET. As
embalagens PET têm
como vantagens menor investimento do engarrafador com máquinas de lavar
vasilhames, o fim do frete de retorno de vasilhames, o fato de serem
descartáveis e a resistência a impactos, entre outras. Atualmente o plástico
PET embala cerca de 80% dos refrigerantes vendidos no Brasil. O maior problema
do uso desta embalagem, no entanto, é no momento do descarte: o PET representa
um dos principais resíduos urbanos. Com biodegradação muito lenta, a solução
para o problema é a reciclagem. Já as latas de alumínio têm como vantagens: o fato de
serem leves e resistentes, gelar mais rapidamente a bebida, o que economiza
energia, serem uma excelente barreira contra a luz e a água, e por seu tamanho
reduzido, facilitar a estocagem e distribuição do produto. Além disso, as latas
de alumínio podem ser recicladas indefinidamente.
Os prazos de validade dos
refrigerantes variam de acordo com a embalagem: garrafas de vidro retêm melhor
o CO2 e por isso os refrigerantes envasados nessas embalagens duram
de 6 a 9 meses; em latas os prazos de validade variam de 4 a 9 meses, e em
embalagens PET o prazo de validade é menor, entre 3 e 6 meses, por conta da
maior porosidade do material, o que leva à perda do CO2 mais
rapidamente.
Existem refrigerantes de muitos sabores, como guaraná,
laranja, limão, cola, abacaxi, uva, maçã, framboesa e tutti-fruti. O sabor
preferido em todo o mundo é o cola. As exceções são China e Taiwan, onde os
mais consumidos são os refrigerantes de laranja e salsaparrilha, a Europa, com
preferência pela laranja, e a América Latina, onde há uma grande variedade de
sabores. No Brasil, os sabores preferidos são, pela ordem, cola, guaraná,
laranja, limão e uva.
Processo de fabricação
No
processo de fabricação dos refrigerantes não há qualquer contato manual, e
ocorre sob rigoroso controle de qualidade. As etapas de fabricação são as
seguintes:
-tratamento da água, para que ela adquira as
condições microbiológicas adequadas, ou seja, sem coliformes, mofos e
leveduras, e baixo índice de bactérias;
-elaboração do xarope simples, que consiste na
dissolução do açúcar (cristal, sólido ou invertido) em água quente e seu
tratamento com carvão ativado para eliminação de compostos que causam odores e
paladares estranhos;
-preparação do xarope composto, quando o xarope
simples é misturado aos outros ingredientes: conservantes, ácidos, aromas,
corantes, extrato de guaraná em caso da produção de guaraná, extrato de noz de
cola, no caso de refrigerante cola, e sucos naturais no caso de sabores de
fruta. A mistura é feita em tanques de aço inoxidável equipados com agitadores
e na ausência de ar; antes de
seguir para a etapa seguinte, de envase, o xarope composto passa por análises microbiológicas
e físico-químicas, que checam turbidez, acidez e dosagem de açúcar ou
edulcorantes;
-envasamento: é a fase final da fabricação.
Garrafas retornáveis são inspecionadas, para eliminação das quebradas,
trincadas, lascadas, lixadas ou com material de difícil remoção, como tinta ou
cimento. Depois as garrafas passam por pré-lavagem, imersão em soda cáustica
quente para retirada de impurezas e esterilização, enxágue com água e nova
inspeção. Embalagens descartáveis não necessitam de pré-lavagem; garrafas não
retornáveis e latas são apenas rinsadas com água clorada. Nesta etapa de
produção, o xarope composto segue até a linha de envasamento e passa por uma
seqüência de máquinas: cuba de mistura, onde o xarope é misturado com a água;
gaseificador, onde recebe o CO2; enchedora, arrolhador, rotuladora e
empacotadora, até chegar ao estoque para distribuição. Esteiras movimentam as embalagens vazias e
cheias entre os diversos pontos da operação.
Controles
Durante o
processo de fabricação os refrigerantes passam por vários processos de
controle. Os testes da água têm o objetivo de realizar o controle
microbiológico e a retirada do cloro antes do uso. O xarope simples e o
composto passam por análises de acidez, cor, turbidez, concentração e detecção
da presença de microrganismos.
Na fase
final, depois de todos estes controles físico-químicos, ainda é feito o
controle de linha de produção, que inclui a checagem de itens como
carbonatação, cor, brix (concentração) no mínimo a cada 20 minutos para
garantir padrões de qualidade preestabelecidos. A acidez é testada nos tanques
de xarope composto.
Além
disso, é feito um acompanhamento visual para detecção de resíduos nas garrafas.
Também é feita a retenção de algumas garrafas em cada dia ou a cada lote
produzido para acompanhamento dos parâmetros físicos, químicos e
microbiológicos.
Efluentes
Os
efluentes gerados em todos os setores da fábrica de refrigerantes, como
xaroparia, sala de envase, lavadora de garrafas, lavagem de piso, rinse,
cozinha e banheiro, são enviados para tratamento. Normalmente as fábricas usam
o tratamento com lodo ativado, por se tratar de efluentes sem resíduos químicos
ou metais pesados, o que torna o tratamento mais fácil. Mesmo a solução da
lavadora de garrafas, filtrada periodicamente em uma caixa de brita, retorna
para a lavadora. A parte de celulose é separada para descarte como material
reciclável, de acordo com a legislação, que no Estado de São Paulo é
determinada pela Cetesb.
Brasil
Os
brasileiros são grandes consumidores de refrigerantes. O consumo no Brasil em
2011 deve chegar a 15.645 milhões de litros, de acordo com a previsão da Abir –
Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas
Não-Alcoólicas. A Associação reúne as empresas fabricantes de 75% dos
refrigerantes consumidos no país. O setor emprega 300 mil trabalhadores, de
acordo com a Associação.
Na
definição da Abir, refrigerantes são adoçados, não têm álcool e contêm CO2.
Não são considerados refrigerantes bebidas à base de chá, nem as energéticas,
como os isotônicos. Fazem parte da categoria dos refrigerantes as bebidas
concentradas para consumo em casa e, fora de casa, dispensadas em máquinas para
bebidas não-alcoólicas gaseificadas e as águas saborizadas de baixa
gaseificação.
A atuação dos químicos
Os
profissionais da química estão presentes em todas as etapas de produção de
refrigerantes, atuando no controle de qualidade desde a entrada das matérias
primas até o descarte dos efluentes. O trabalho do químico é muito extenso e
envolve todo o processo, porque é importante manter padrões de qualidade no
momento e após a produção.
Inicialmente,
os profissionais da química atuam no tratamento da água na ETA – Estação de
Tratamento de Água – da empresa, para retirada dos íons de ferro, sais de
magnésio e cálcio, que devem ser evitados no refrigerante.
Na fase
de preparação do refrigerante há o controle da produção do xarope simples, já
que durante a dissolução do açúcar é necessário controlar as concentrações, a
cor e a acidez do produto. Depois é feito o controle do xarope composto, quando
são adicionados os outros componentes. Faz-se o acompanhamento físico-químico
das quantidades dos insumos que vão ser adicionados, como acido cítrico, aroma,
corante e conservante. O controle dessas operações, como a dissolução do açúcar
e a preparação do xarope é acompanhado pelo profissional da química.
A etapa
de envase também é acompanhada pelo profissional da química, para o refrigerante
manter os padrões de qualidade predeterminados, mantendo-se os teores de
açúcar, acidez e volume de gás adicionado à garrafa. Garrafas de vidro são
lavadas anteriormente em uma máquina e estão limpas quando chegam ao envase, e
são feitos outros controles nesse processo de lavagem. Quando são utilizadas
garrafas PET, na maioria das empresas essas garrafas são sopradas mecanicamente
dentro da fábrica e lavadas com água levemente clorada para evitar
contaminações microbiológicas antes do uso. O profissional da química acompanha
este processo também.
O
refrigerante é envasado em baixas temperaturas, ao redor de 5°C. Durante o
processo de envase são feitas analises físico-químicas que, basicamente, vão
monitorar o volume de gás e a concentração de açúcar (brix). Os testes são
feitos normalmente em um laboratório ao lado da linha de produção. São análises
rápidas e simples, feitas a cada 20 ou 30 minutos.
Finalmente,
entra o controle relacionado ao meio ambiente. Todos os equipamentos são
lavados antes e depois do uso e na troca de sabores e toda a água usada na
fábrica é coletada e vai para uma lagoa para tratamento. As fábricas devem ter
uma estação de tratamento e a água deve sair com padrões adequados para não
causar danos ao meio ambiente. Na indústria de refrigerantes o que mais se
retira da água é o açúcar. A retirada desse açúcar residual é o grande problema
para o descarte da água, e para isso é feito um tratamento específico.
A
importância do profissional da química dentro da fábrica de refrigerantes não
se resume a atender à legislação do setor. A empresa que não tem um
profissional preparado para fazer os controles físico-químicos acaba sofrendo
com problemas de custos. Por exemplo, se cada garrafa de refrigerante tiver 3
gramas de açúcar a mais, para uma fábrica de pequeno porte, que produz 2
milhões de litros por mês, no final do mês isso representará um custo em torno
de oito mil reais. A falta de controle põe em risco a rentabilidade e, em
conseqüência, até mesmo a sobrevivência da empresa. Em suma, a presença de
profissionais da química significa a racionalização no uso dos insumos e maior
retorno financeiro.
ABRÁCIDOS EXOTÉRMICOS;
PROFESSOR JÚNIOR.