terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Mercúrio-cromo e merthiolate proibidos, por quê?

                                                                 

O mercúrio-cromo e o merthiolate são desinfetantes e bactericidas de uso medicinal bastante utilizados no Brasil. Como material de primeiros-socorros, todas as farmácias e postos médicos de escolas, fábricas e empresas possuem essas substâncias que previnem infecções quando aplicadas sobre ferimentos.
O merthiolate começou a ser fabricado após o mercúrio-cromo, e este após a “tintura de iodo” – uma solução alcoólica ou hidroalcoólica de alguma substância química, geralmente bastante diluída e de uso farmacêutico.
A tintura de iodo em contato com ferimentos ajuda a combater bactérias, porém causa uma certa ardência e manchas amareladas na região aplicada. Essa substância vem sendo substituída pela solução de mercúrio-cromo, que não dói, mas causa uma mancha vermelho-forte em tudo o que toca, parecendo até sangue!
Mercúrio-cromo ou mer-bromim é o nome comum do 2,7-dibromo-4hidroximercurifluoresceína – produto derivado da fluoresceína (C20H12O5), um corante sintético vermelho-forte que fornece solução de cor verde-amarelada por transparência.
O mercúrio-cromo, porém, não possui átomos de flúor nem de cromo. O nome fluoresceína indica a grande fluorescência, visível mesmo em diluições de 1:40.000 das soluções do composto-base e de seus derivados. O termo cromo deriva do termo grego khroma (cor), do qual também provém o nome do elemento cromo.
Já o merthiolate, ou tintura de merthiolate, corresponde quimicamente ao tiomersal chamado também de thimerosal, bactericida e fungicida muito utilizado também em soluções de vacinas e de líquidos protetores de lentes oftalmológicas. É o sal de sódio do mercúrio – [(o-carboxifenil)tio]etil de fórmula química C9H9HgO2SNa.
O mercúrio-cromo e o merthiolate são usados há mais de 50 anos, em todo o mundo. Entretanto, seu uso vem sendo sistematicamente proibido, inclusive no Brasil, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Isso devido à composição de suas fórmulas: ambos contêm mercúrio como componente, que é tóxico. Ele penetra em qualquer organismo vivo pela pele, ou por outras vias, e não é eliminado nunca. Sua ação deletéria é cumulativa ao longo da vida do ser exposto, daí a necessidade de eliminar toda e qualquer possível contaminação.
Envenenamento por compostos orgânicos contendo mercúrio foram inicialmente observados e identificados nos anos 50, no Japão, em seguida ao que ficaria conhecido como Doença de Minamata. Nessa localidade, Minamata, detritos contendo mercúrio eram lançados ao mar contaminando os peixes do local que, por meio de sua ingestão, contaminaram um grande número de pessoas e animais. Fatos semelhantes foram observados em outros países como a Guatemala, Irã e Paquistão. A partir daí muitos estudos foram feitos, e leis protetoras vêm sendo aplicadas.
No caso do mercúrio-cromo e merthiolate o uso é eventual e a contaminação é pequena, o que não é considerado um perigo à saúde. Logo, não há nenhum motivo para pânico. As medidas de proteção já foram tomadas e outros bactericidas sem mercúrio serão, sem dúvida, disponibilizados para a população.

Abrácidos Exotérmicos;

Prof. Cezário Júnior.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Pilha seca volta a funcionar quando colocada na geladeira?

Colocar pilha usada dentro da geladeira faz com que ela volte a funcionar. Por que isso ocorre? Será que isso dá certo sempre?
Se você já colocou uma pilha seca comum usada na geladeira, verificou que depois de alguns dias ela voltou novamente a funcionar. Mas espere! Não conclua precipitadamente que ela foi recarregada e que sempre que ela parar de funcionar você poderá colocá-la na geladeira novamente.
Para você entender o que acontece, primeiro temos de analisar qual é o princípio de funcionamento da pilha seca ácida, também conhecida como pilha seca de Leclanché. Observe o esquema abaixo:

Dentro da pilha seca há um cilindro de zinco metálico que é considerado o ânodo (polo negativo) da pilha, pois ele oxida, transferindo elétrons para o cátodo (polo positivo). O cátodo é o eletrodo central, constituído de grafita coberta de dióxido de manganês, carvão em pó e uma mistura pastosa de cloreto de amônio e cloreto de zinco.
Essa parte do cátodo é a parte que nos interessa no momento. Assim, a reação que ocorre no cátodo é a de redução do manganês que recebe os elétrons do zinco. A reação global da pilha é dada por essas duas semirreações:

Semirreação do Ânodo: 
                                         Zn (s) → Zn2+ (aq) + 2 e-
Semirreação do cátodo:
    2 MnO2(aq)+2 NH41+ (aq) + 2e- →1Mn2O3(s)+  2NH3(g) + 1 H2O(l)
 
Reação Global da Pilha:
     Zn(s)+2MnO2(aq)+2NH4 1+(aq) → Zn2+ (aq) + 1 Mn2O3(s)+2NH3(g)

Como se pode observar na reação acima, um dos produtos formados foi a amônia (NH3), que se deposita na barra de grafita, dificultando a passagem dos elétrons do zinco para o manganês, diminuindo sua voltagem e fazendo com que a pilha termine de funcionar mais rapidamente.


No entanto, como vimos, a pilha funciona quando se transfere elétrons do zinco para o cátodo, transformando o dióxido de manganês em trióxido de manganês. Quando essa reação, que é irreversível, se der por completo, convertendo totalmente o dióxido em trióxido, a pilha não funcionará mais; não importa quanto tempo fique na geladeira.

Abrácidos Exotérmicos;

Prof. Cezário Júnior.