O lixo urbano é um problema para as
grandes cidades, agravado pelo aumento do uso de embalagens
descartáveis. Para tentar reduzir o descarte inadequado e incentivar
a reciclagem de garrafas de plástico do tipo PET (politereftalato de
etila) usadas, que levam até 500 anos para se decompor na natureza,
a Universidade da Região de Joinville (Univille), em Santa Catarina,
e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
desenvolveram, a partir desse material, um plástico que se degrada
no solo em 45 dias.
Para desenvolver o novo plástico, os pesquisadores adotaram o
método da reciclagem química, em que as garrafas são lavadas,
esterilizadas, cortadas e colocadas em um reator. Nesse aparelho, a
garrafa PET original se une a um polímero biodegradável. Esse
composto, ao contrário dos obtidos a partir do petróleo, como o
PET, tem decomposição mais rápida. “Polímeros como o PET são
formados por anéis aromáticos difíceis de serem quebrados durante
a decomposição. Já os polímeros biodegradáveis são compostos
por cadeias abertas, ou seja, não têm esses anéis, o que facilita
o processo”, explica a coordenadora da pesquisa na Univille, a
química Ana Paula Pezzin. “Assim, nasce um copolímero de fácil
degradação, que em apenas 45 dias alcança estado bastante
acelerado de decomposição.”
A equipe avaliou as propriedades e a capacidade de degradação de
diversas composições do material. Vários percentuais de quatro
polímeros biodegradáveis diferentes foram adicionados ao PET
pós-consumo. O tempo máximo de decomposição foi de sete meses –
muito pouco se comparado às centenas de anos do PET tradicional.
Realizada inicialmente pela química Sandra Einloft, da PUC-RS, a
pesquisa conta com o apoio da Universidade Pierre e Marie Curie, da
França.
Segundo Pezzin, o desenvolvimento desses copolímeros é um marco
no Brasil, já que o país é um dos campeões em reciclagem de
garrafas PET. Dados da Associação Brasileira da Indústria do PET
(Abipet) mostram que, em 2005, quase metade das embalagens usadas no
Brasil passava por processos de reciclagem.
No entanto, o material reciclado não pode voltar a ser usado para
embalar alimentos ou bebidas. “Isso jamais seria aprovado”, diz
Pezzin. “As pessoas não aceitariam colocar na boca algo que já
esteve no lixo.” O material biodegradável pode ser empregado na
confecção de embalagens para produtos de beleza, interruptores e
materiais de decoração ou qualquer outro produto que seja
rapidamente descartado.
Os custos para produzir o polímero biodegradável ainda são
maiores que os do PET tradicional, mas a pesquisadora alerta para a
importância do produto. “Precisamos de alternativas aos materiais
derivados de petróleo, já que um dia esse recurso vai se esgotar”,
argumenta Pezzin. “Além disso, apesar das excelentes propriedades
do PET, sua presença em aterros sanitários atrapalha a decomposição
de outros materiais, pois dificulta a circulação de líquidos e
gases que agem sobre o lixo orgânico.” Algumas empresas atentas a
esses fatos já demonstram interesse em desenvolver novos materiais a
partir dessa tecnologia e as negociações seguem em sigilo.
Abrácidos Exotérmicos;
Prof. Cezário Júnior.
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