segunda-feira, 9 de abril de 2012

Para que serve a sua roupa?

Apergunta do título parece absurda e a resposta óbvia, mas não são. A indústria da moda está desenvolvendo peças que, além de vestir, prometem desempenhar outras funções, como combater problemas estéticos, de saúde e até impedir que aquele suco acidentalmente derrubado na sua calça seja motivo de constrangimento durante o resto do dia.
E não se trata de mais um daqueles trajes esquisitos, cheios de dispositivos eletrônicos e fios - muito interessantes para se ler a respeito, mas que ninguém teria coragem de usar na vida real -, nem de roupas desenvolvidas especialmente para atletas profissionais usarem em competições.
São calças, camisetas, camisas, lingeries e sapatos projetados para o consumidor comum, para serem usados no dia-a-dia (veja o quadro "Mil e uma utilidades"). A técnica é simples: o tecido é mergulhado em um recipiente contendo o produto de acabamento, passa por um processo especial de secagem e fixação e ganha as características desejadas.
Entre os acabamentos mais utilizados estão os que prometem proteger a pele dos raios ultravioleta (UV), especialmente dos próximos de 315 a 400 nanômetros, que são os que efetivamente agridem a pele causando as queimaduras. Na verdade, todos os materiais têxteis têm um nível de proteção aos raios UV, mas esses que contêm o acabamento especial prometem dissipar parte da energia luminosa.
Os produtos bacteriostáticos, que prometem inibir a proliferação de bactérias, fungos e bolores e evitam os odores desagradáveis, são aplicados em desde roupas íntimas, esportivas, de lazer e profissionais a cobertores, mantas, colchas, colchões, cortinas, tapetes, carpetes, estofamentos e tapeçaria. A diferença dos bacteriostáticos para os bactericidas é que estes atuam destruindo diretamente as bactérias, como é o caso do cloro, por exemplo.
Os hidro e óleo repelentes, que são acabamentos baseados no uso de compostos fluorcarbônicos, que inibem a capacidade de ligação de líquidos à superfície das fibras, prometem facilitar a remoção das manchas e sujeira. E finalmente o acabamento mais festejado no momento, os microencapsulados, que são materiais constituídos de pequenas partículas de forma mais ou menos esféricas, com uma película externa e uma substância ativa em seu interior (um perfume, uma vitamina, um hidratante etc.).

Ver pra crer

"Uma calça que não suja? Duvido!". Essa foi a reação de toda a redação de GALILEU quando falei sobre o produto lançado pela Dockers, que iria incluir na reportagem. Para tirar as dúvidas sobre se o que o fabricante prometia, "um tecido que repele líquidos e manchas à base de óleo e água, graças a uma fórmula exclusiva de aplicação de Teflon", era realmente verdade, resolvemos fazer o teste (veja fotos ao lado).
E não é que deu certo? Jogamos um copo de refrigerante na calça, que não absorveu o líquido e continuou limpa. Não molhou nem sujou. Sobraram umas gotinhas no tecido, mas bastou passar a mão para que elas sumissem. Depois pedimos para algumas pessoas tentarem descobrir em qual lado da calça tinha caído o refrigerante, e elas tiveram dificuldade para identificar.
Essa tecnologia, que parece novidade para nós, na verdade já existe há pelo menos dez anos, segundo o engenheiro Eraldo Maluf, responsável pelo Laboratório de Produtos Têxteis do IPT. "Esse recurso é usado em tecidos de revestimento e em uniformes", explica.
A novidade é que a indústria da moda percebeu que o recurso pode ser usado em roupas cotidianas, com um ótimo apelo de marketing.
Mas isso tudo funciona mesmo? "A meu ver, afora produtos com bactericidas ou bacteriostáticos, as demais formulações dificilmente trazem reais benefícios ao consumidor. A inclusão de vitaminas, cosméticos, tratamentos anticelulite, protetores solares, entre outros, tem efeitos mais psicológicos do que reais", diz Paulo Alfieri, professor do curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário FEI. "Basta pensar que para alcançar os efeitos de hidratação, remoção de celulite, rejuvenescimento etc., as aplicações de produtos são geralmente muito mais intensas, com quantidades bem mais expressivas e por tempos bem mais prolongados. Não vai ser o uso de poucas horas de um artigo de vestuário que libera lenta e gradualmente um produto ativo que dará algum resultado", conclui.
ABRÁCIDOS EXOTÉRMICOS;

PROFESSOR JÚNIOR.

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