Kekulé descobriu a fórmula do benzeno com a ajuda de um sonho que teve, e
essa é considerada por muitos como a peça fundamental na construção da
Química Orgânica.
O químico alemão Friedrich August Kekulé Von Stradonitz (1829-1896) foi
um dos pioneiros da Química Orgânica teórica. Entre as suas principais
contribuições para essa ciência, temos a descoberta da tetravalência do carbono (o
carbono realiza quatro ligações covalentes). Na sua comunicação “Sobre a
Constituição e sobre a Metamorfose dos Compostos Químicos e a Natureza
Química do Carbono”, apresentada em 1858, ele trouxe a hipótese de que
os átomos de carbono e de outros elementos com mais de uma valência
podiam estabelecer ligações sucessivas.
Isso
explicava o fato de o carbono formar cadeias tão longas e de existir
uma quantidade tão grande de seus compostos. Ele foi um dos criadores do
conceito “valência”.
Além dessa
descoberta, Kekulé também foi aclamado por ter resolvido uma das
questões que desafiavam os cientistas em meados do século XIX: a fórmula estrutural do benzeno.
Eles
já sabiam a sua composição, pois ele foi descoberto no gás de
iluminação usado em Londres, em 1825, pelo físico e químico Michael
Faraday (1791-1867). Além disso, o químico Eilhardt Mitscherlich
determinou que ele era composto por seis átomos de carbono e seis átomos
de hidrogênio, no ano de 1834.
Faltava
agora determinar a sua estrutura, de uma forma que explicasse o seu
comportamento químico, justificando como seis átomos de carbono podiam
estar associados a somente seis átomos de hidrogênio em uma substância
altamente estável e resistente a muitos ataques por combinação química.
Isso
representou um problema porque os químicos do final do século XIX
raciocinavam apenas em termos de cadeias abertas e não pensavam em
cadeias fechadas, conforme sabemos hoje que o benzeno é.
Mas
Kekulé dedicou-se intensamente ao estudo das ideias que ele mesmo
formara das valências dos átomos e da natureza de suas ligações e como
isso levaria à estrutura do benzeno. Então, segundo as suas próprias
palavras, certo dia ele estava escrevendo seu livro-texto, quando voltou
sua cadeira para a lareira e começou a dormir. Ele passou a ter um sonho,
em que ele via os átomos como que dançando na sua frente, e os grupos
menores ficavam mais atrás. Então, ele distinguiu cadeias longas girando
e torcendo-se como cobras. De repente, uma das cobras mordeu a sua própria cauda.
Quando ele acordou e passou a colocar esse sonho à prova no mundo real: a
disposição dos átomos na molécula do benzeno seria semelhante à daquela
cobra que mordia a sua cauda, ou seja, formaria um ciclo de forma
hexagonal.
Sua ideia
realmente estava correta. De início, ele acreditava que só haveria
ligações simples entre os carbonos. Porém, mais tarde, ele propôs que
haveria uma alternância entre ligações simples e duplas.
É bem verdade que o sonho de Kekulé o ajudou, porém, foi a sua dedicação
e constantes estudos que o levaram ao sonho e à sua aplicação. Conforme
disse Louis Pasteur (1822-1895): “No campo da observação o acaso favorece apenas a mente preparada”.
Abrácidos Exotérmicos;
Prof. Cezário Júnior.
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