quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Precipitação na natureza: a formação da casca do ovo




A formação da casca do ovo de galinha é um fascinante exemplo de um processo natural de precipitação. O constituinte principal do ovo da galinha é o carbonato de cálcio (CaCO3). O cálcio necessário vem, em última análise, da dieta alimentar da ave.
Uma casca de ovo típica pesa 5 g e tem 40% de cálcio. A maior parte do cálcio dessa casca é depositada em um período de 16 horas. Isso significa que ele é depositado a uma razão de 125 mg por hora. Nenhuma galinha consegue consumir cálcio suficientemente rápido para atender a essa demanda. Em vez disso, ele é suprido por massas ósseas especiais dos ossos mais longos da galinha, que acumulam grandes reservas de cálcio para a formação da casca do ovo. (O componente ósseo inorgânico que tem cálcio é o fosfato de cálcio, Ca3(PO4)2, um composto insolúvel.) Se uma galinha é alimentada com dieta pobre em cálcio, as cascas de seus ovos tornam-se progressivamente mais fina; ela pode ter de mobilizar 10% da quantidade total de cálcio em seus ossos apenas para botar um ovo! Quando a alimentação é persistentemente pobre em cálcio, a produção de ovos pode cessar.
A casca do ovo é principalmente composta de calcita, uma forma cristalina do carbonato de cálcio (CaCO3). Normalmente, os constituintes, Ca2+ e CO2, são transportados pelo sangue até a glândula da casca [órgão formador da casca]. O processo de calcificação é uma reação de precipitação:
Ca2(aq) + CO2 (aq) ↔ CaCO3(s)
No sangue, íons Ca2+ livres estão em equilíbrio com cálcio ligado a proteínas. À medida que íons livres são absorvidos pela glândula da casca, mais íons são fornecidos pela dissociação das proteínas ligadas a cálcio.
Os íons carbonato necessários para a formação da casca são um produto secundário do metabolismo. Dióxido de carbono produzido pelo metabolismo é convertido a ácido carbônico (H2CO3) pela enzima anidrase carbônica (AC):
CO2(g) + H2O(l) H2CO3(aq)
O ácido carbônico ioniza-se em etapas, produzindo íons carbonato:
H2CO3(aq) ↔ H+ (aq) + HCO2(aq)
HCO3(aq) ↔ H+ (aq) + CO3-2 (aq)
As galinhas não transpiram e, em função disso, precisam ofegar para se resfriar. A ofegação expele mais CO2 do corpo da galinha do que a respiração normal expeliria. De acordo com o Princípio de Le Chatelier, a ofegação deslocará o equilíbrio CO2 – H2CO3, equacionado acima, da direita para a esquerda, diminuindo a concentração de íons CO3-2 em solução e causando a formação de cascas mais finas. Uma solução para esse problema é dar às galinhas água carbonatada para beber quando o tempo está quente. O CO2 dissolvido na água adiciona CO2 aos fluidos corporais da ave e desloca o equilíbrio CO2 – H2CO3 para a direita. 

Abrácidos Exotérmicos;

Prof. Cezário Júnior.

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